sexta-feira, 20 de junho de 2008

Juro que foi verdade 21.06 antecipado

Juro que foi verdade

O ano era 1972, estava no Rio de Janeiro próximo ao cais de porto tentando comprar cigarros americanos da marca Parliament, que na época era o meu predileto para morrer de câncer de pulmão de forma elegante, sim, porque morrer de mistura fina é dose pra cagaio.
Não sei hoje, mas naquela época existiam uns inferninhos próximos a praça Mauá que eram de difícil acesso quando tínhamos que dar no pé por conta de alguma questão paralela. E foi numa destas vezes que eu, o Helmut, um alemão de dois metros e cinco de altura, o Branca, um negão do mesmo tamanho, só com uma cabeleira Black espetada para cima que lhe dava no mínimo dez centímetros a mais e para completar, o Akira, um japinha de um metro e sessenta batizado pela turma de Massachunda Inhacagaki, sabe-se Deus lá porque.
Estávamos os quatro apreciando o movimento do vai e vem das simpáticas moças da noite em seu eterno vai e vem a cata de marinheiros dolarizados, quando um bando deles se aproximou e começou a nos perguntar em inglês alguma coisa que não consegui decifrar mas que supus ser uma indagação sobre o melhor lugar onde pudessem gastar os seus dólares. Mais do que depressa olhei para o leão de chácara da boate mais próxima lhe dizendo que os meus amigos estavam a fim de gastar os seus dólares e nós quatro nos satisfaríamos com apenas uma dose de whisky que deveria ser por conta da casa para onde mandássemos os meninos do tio Sam.
O porteiro nas horas vagas que era cafifa de profissão nos sorriu mandando que fizéssemos as honras da casa escoltando os marinheiros para dentro porque os nossos whiskys já deveriam estar nos esperando.
Foi uma maravilha acima das expectativas, porque o Barman ao invés de uma dose para dividirmos em quatro, trouxe uma dose para cada um, fazendo-nos lamber os beiços, porque naquela época não existia whisky falsificado pois o legitimo Scott era comprado no porto, a algumas quadras de onde nos encontrávamos.
Lembro ter iniciado com um maravilhoso 100 Pipers, que naquela época era um dos melhores whiskys encontrados no pais. Depois foi um White Horse, seguido por um Chivas, acompanhado logo a seguir por um maravilhoso Balla, 18 anos.
Tudo isso por termos feito as honras da casa, levando nossos simpáticos e pacíficos amigos marinheiros americanos para desfrutarem da hospitalidade brasileira representada pela singeleza dos leões de chácara da Mauá.
E tinha tudo para continuar assim se não fosse um dos garçons trazer uma conta, que para nós era indecifrável devido a quantidade de zeros que havia no seu final. Por mais que tentássemos decifrá-la não conseguíamos chegar a um denominador pois não tínhamos idéia que aquelas doses de whisky pudessem custar tanto. Fala sério, tinha mais gelo e água do que bebida, o que por si merecia um desconto de pelo menos 50% o que na verdade não era lá grande coisa porque mesmo assim a conta continuava astronômica.
Vendo que ia pretejar o rabo da Quatiara, disse ao garçom que os nossos amigos americanos nos garantiram que a conta era por conta deles. Para ser mais enfático, apanhei a conta e assoviei para um dos gringos que estava mais próximo acenando o pedaço de papel em uma das mãos enquanto com a outra apontava para uma loira que na verdade era um traveco, que o estado etílico do marinheiro não conseguira identificar, fazendo com que o cara concordasse com certeza pensando que eu estava fazendo alusão a ela, ou ele, pronunciando uma noite inesquecível.
Mesmo recebendo o ok do americano, o garçom que era um baita puta velha foi até lá mostrando novamente a conta ao cara, só que desta vez acompanhada da conta dele e dos amigos e em dólar, para que não restasse nenhuma dúvida, fazendo os mariners se revoltarem pelo assalto que estavam sofrendo iniciando o quebra pau que foi engrossando com a chegada dos leões de chácara das casas vizinhas que possuíam um acordo de ajuda mutua quando na casa de um dos colegas começava a roncar o cacete.
A minha participação naquele episódio terminou segundos depois quando consegui fugir pela porta acompanhado dos gringos que tinham mais tempo de rolos nos portos que visitavam que urubu de vôo. Na boate só ficaram o Helmut, o Branca e o Akira, que foram encaminhados a Xilindróia, acusados de destruição de propriedade alheia, se livrando de outra por um possível calote devido o fato do americano ter feito o garçom engolir as contas que lhe apresentou.

A minha participação pode ter acabado ali, mas não a dos meus amigos.
Na delegacia o Delegaçado olhou para os três e disse que lhes daria uma chance de provarem que realmente eram machos. Ele mandaria medir o bilau dos três e se a medida fosse menor que um metro ele os trancafiaria em uma cela e jogaria a chave fora. Apavorado o Helmut tratou de aguçar a sua imaginação pensando na mulher mais gostosa que conhecera, que era a esposa do seu chefe, a qual vira tomando banho pelo buraco da fechadura um dia em que foi na casa dela consertar uma instalação elétrica. Desde este dia acordara por diversas vezes com a cueca totalmente em sopa devido aos sonho que tinha com ela. Por conta deste tesão mediu 49,5 centímetros.

Vendo que a sua liberdade não dependeria só de si, pensou em dar a formula ao seu amigo, se surpreendendo ao vê-lo desembainhar a salsicha colocando-a em cima da mesa empatando consigo.
Pelo olhar do Branca, era um a questão de honra não perder para um cú branco. O Owen daria volta no seu caixão se ele desonrasse a raça.

Neste momento o Massachunda tirou o bilau para fora da cueca e tentou colocá-lo em cima da mesa, fracassando miseravelmente na tentativa tendo que se contentar em sentar-se ao chão e esticar o bicho usando como régua a linha do assoalho usando depois uma pequena régua para a confirmação da marcação da metragem.
Um centímetro, um parco e mixuruco centímetro que somado aos 99 centímetros dos amigos lhes proporcionou a liberdade.
De volta as ruas nos encontramos no Castelinho para uma rodada de chope para comemorarmos o bem aventurado desfecho da nossa aventura, quando o Helmut começou a discutir com o Branca, cada um tentando ser o maior responsável pela liberdade dos três.
Olha, se não fosse pelos meus quarenta e nove e meio nós estaríamos apodrecendo naquela cadeia.
Uma ova que é isso, não se esqueça que contribui com a mesma medida o que valer dizer que se não fosse por mim, nos três estaríamos fodidos.
A coisa foi ficando mais acirrada e quando os dois estavam quase se pegando na porrada, um gritinho se fez ouvir vindo do nosso amigo, Nationaro Kid Massachunda Inhacagaki, que ao incorporar o espírito dos seus ancestrais Samurais tratou de colocar ordem na bagaça com uma afirmação a qual não conseguiu ser contestada.
Oia, garantido nô!
Grande responsável por sairmos do cadeia foi Akira.

Sai pra lá, japa do cacete, disse-lhe Helmut, com 1 centímetro quer nos convencer que livrou a nossa cara?

Garantido que livrou, né sonhoro, se bilau de Akira non tivesse duro, garantido que nóis tava tudo furiro!!!

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