Vendramel e a cacofonia
Mário Vendramel foi durante muito tempo o nosso Chacrinha. Radialista, consagrou-se como apresentador de programas de rádio e tv.
Num daqueles programas antigos, de auditório, que o Mário comandava na Rádio Clube Paranaense, era comum a distribuição de brindes, como contou o Sérgio M. Molteni.
Um dos patrocinadores era a Papelaria Triunfo e, num dos programas, todos os brindes foram distribuídos, mas a platéia pedia mais. Sem ter o que distribuir, o Vendramel anunciou:
–Acabou-se tudo o que a Triunfo deu!
Copiado da coluna do Luiz AlfredoMalucelli da Gazeta do Povo
A sopa boa de sal
Lampião e seu bando foram acolhidos por uma senhora, também de idade avançada, e ele pediu a ela para preparar um jantar para o bando. A velhinha, não tendo quase nada em casa, teve que fazer um caldeirão de sopa às pressas para os famintos cangaçeiros. Com a pressa e o medo, ela acabou esquecendo de colocar sal na sopa...
A sopa foi servida e todos começaram a sorvê-la, sem problemas, mas um dos cabras, novato no bando, para talvez fazer bonito diante de Lampião ou por idiotice mesmo, começou a gritar com a pobre velha sobre a falta de sal. Lampião terminou sua sopa sem nada dizer. Depois, tranquilamente, perguntou ao bando se alguém sentiu falta de sal. Exceto o tal reclamante, o restante, que não era besta, disse que não, que a sopa estava ótima! Então Lampião perguntou à velhinha se tinha mais sal em casa. Ela disse que sim e ele então mandou ela trazer um quilo! Ela correu a obedecer. Quando veio com o sal, Lampião mandou ela despejá-lo no prato do sujeito que havia reclamado, e ordenou: - Você reclamou da falta de sal, cabra, pois agora tem aí bastante sal, e você vai comê-lo até limpar o prato!
Apesar dos lamentos do homem, Lampião o obrigou a comer todo o sal do prato e, quando ele pedia água, Lampião não deixava que ele bebesse. E assim foi. Quando o cangaceiro, até verde de tanto comer sal, sentindo suas entranhas em brasa, terminou, Lampião o expulsou, mandando que o mesmo sumisse de sua frente, ameaçando que, se o encontrasse novamente, iria sangrá-lo. É claro que o tal sumiu até hoje...Saindo da casa, já um pouco distante, Lampião parou, olhou para trás, coçou a cabeça e comentou com um cangaceiro próximo a ele: - E num é que aquela sopa tava uma desgraceira de insossa? - E o cabra ao seu lado, concordou imediatamente: - Tumém achei, capitão. Tumém achei...
História estraida do blog gentedanossaterra.com.br
O título tem nome dúbio porque o pernambucano que me contou jura de pés juntos que aconteceu. Realmente alguns dos causos que os antigos contavam até se confundem com a história do país. É por isso que gosto das culturas mineira e nordestina, pois são meio parecidas. Rurais, engraçadas, tristes, místicas, algumas absurdas que parecem ter um fundo de verdade, todas oriundas sempre de pessoas simples, mas que não gostam de mentiras. Podem até aumentar um pouquinho, mas mentir jamais. Dizem que lá pelos anos 30, 40 no agreste do Pernambuco existia um tal Coronel Chico, daqueles, cheios de terra, de gado, que mandavam no padre, no prefeito e até no delegado. O delegado, claro, era nomeado por ele. O prefeito também não tem porque não dizer que era eleito por ele já que a maioria dos eleitores ou eram seus empregados ou lhe deviam dinheiro e favores. Era o início do famoso voto de cabresto. Pensando bem, voto de cabresto existe até hoje em todas as esferas da sociedade. Não é um ‘privilégio’ somente dos humildes. E o padre, tendo as ‘generosas’ doações para a igreja, fazia vistas grossas para tudo e sempre dizia “amém”. Era aniversário da cidade e ia ter um jogo de futebol contra a cidade vizinha. Era um estádio bonitinho, com arquibancadas e tudo. O coronel não sabia nada de futebol, não entendia pra quê “aquele monte de homem correndo atrás de uma bola”. O assessor, digo, jagunço, foi explicando. “Vestem uniformes diferentes para não confundirem os times. Aquele negócio formado por três paus se chama trave e aquele vestido de camisa 1 é o goleiro. Os times tentam chutar a bola lá dentro e quando conseguem, é gol. Quem faz mais, ganha o jogo. E aquele homem vestido diferente, de camisa preta (antigamente os juízes só vestiam preto), é o juiz. É ele quem manda, a autoridade é ele”. O coronel resmungou. “Já não fui com a cara dele”. Claro, ele não aceitava alguém tomando decisões dentro de suas terras. A partida ia chata, sem grandes emoções. Até que aos 45 minutos do segundo tempo... pênalti! O coronel pergunta ao jagunço. “Que empurra empurra é aquele? Parecem que querem brigar com o homem de preto”. O jagunço respondeu sempre com jeito. “É que foi pênalti, coroné. O jogador derrubou o outro dentro da área, dentro daquelas riscas de cal”. O coroné já desconfiado de encrenca, perguntou. “E isso é ruim, é? Como chama mesmo... ‘pênuti’ é esse o motivo da confusão, num é?”. Prevendo confusão também, o jagunço corrigindo, respondeu. “É pênalti, coroné. Muito ruim, coroné. Ainda mais que é contra nosso time. Fica só o nosso goleiro, sem ajuda dos companheiros esperando o atacante deles chutar. Só os dois”. O coronel torceu o bigode e já tirou o chapéu, levando a mão à cintura. “Oxe! E quem aprontou uma daneira dessa?”. “Foi o juiz, coroné”. O poderoso levantou-se de arma em punho. “Pois vá lá embaixo e diga que eu quero que vá cobrar esse tal de ‘pênuti’ do outro lado, no goleiro deles”. O coitado do jagunço, sempre pronto, ainda tentou retrucar. “Mas coroné... e o juiz? Ele não vai deixar”. “Pois diga a esse juiz, aquele cabra da peste, filho duma égua, que se ele é o juiz, eu sou o dono da cidade, então eu mando mais. E você já está demorando”. Pronto, o homem desceu logo, falou falou e falou com o juiz e depois de pequeno tumulto, o pênalti foi cobrado no gol adversário. Enfim, o time da cidade ganhou de um a zero. E as pessoas na rua comentavam. “O coroné estava certo. Nosso time não podia perder justo no dia do aniversário da cidade. E à noite teve uma festona na praça, claro, bancada pelo coroné.
POSTADO POR (CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) blog do Carlos Soares
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