Que vida!!!
Ontem saindo de casa encontrei um visinho que caminhava na chuva falando sozinho, revoltadinho da silva xavier com o que segundo ele seria a sua droga de vida. Preocupado, o chamei para saber o que estava havendo e principalmente se poderia ajudá-lo, escutando dele um puta quer o pariu, só faltava esta..., mas ao me ver foi se acalmando aos poucos para em seguida me colocar a par da desgraça da sua vida.
Veja bem, me disse o infortunado, acordei de manhã e encontrei um bilhete da minha mulher me dizendo que estava me abandonando para fugir com o cara que me vendeu uma porrada de coisas magnéticas como colchão, travesseiros, palmilhas para sapatos, ombreiras de paletó, e camisinhas ortopédicas, produtos estes que prometiam por no lugar a minha coluna, acabar com a dor de cabeça, diminuir o xulé, endireitar os ombros fazendo os dois braços ficarem do mesmo tamanho, e finalmente, mas não sei bem direito o porque, camisinhas, que deixariam o meu bilau mais reto que uma régua escolar. Logo com aquele fdp que me pediu seis meses de carência para os produtos fazerem efeito, tempo este exatamente igual ao final da ultima promissória que me fizera assinar a qual honrei um dia antes deles fugirem quando cheguei em casa e os encontrei no meu quarto, deitados na minha cama me dando a desculpa que ele estaria testando o equipamento para ver se não havia se desgastado, pois caso isso tivesse acontecido ele os trocaria por ainda estarem na garantia. Parece que a única coisa que estava realmente garantida era a minha galhada que de tão grande corria o risco de furar a laje me dando de presente um teto solar. Se me perguntarem se as dores ao menos diminuíram, posso garantir que não, continua ainda muito forte na coluna, cabeça, nos quartos, quintos e até no final da coluna como se tivesse praticado uma atividade que não me permitisse mais passar pelo teste da farinha. Quando tentei pegar o carro para ir trabalhar, vi que ele não estava na garagem o que me deu a certeza que os dois fugiram nele, o que me deixou de mãos atadas não podendo dar queixa porque o carro está no nome dela, tudo por culpa de um incompetente oficial de justiça, que anda a minha procura e que se me encontra-se poderia me deixar a pé, coisa que a piranha contra quem eu casei, conseguiu sem o mínimo esforço bastando apenas ficar com as suas duas pernas abertas, embaixo do vendedor.
Ao chegar no meu trabalho com quase uma hora de atraso, pois tive que ir a pé porque a danada levou tudo o que eu tinha na carteira, meu chefe depois de ouvir a minha história, me mandou embora por justa causa, porque segundo ele eu teria vacilado e deixado ir embora a “nossa patroa”. Cara, ele disse, nossa patroa com uma cara de pêsames de dar dó. Eu não sabia que ele tinha tanto apreço pela arreganhada da Dadinha.
Saindo de lá dei uma passadinha no banco para tirar um troco, quando percebi ter esquecido o cartão juntamente com o talão em minha casa. Depois de me identificar, pedi para a caixa verificar o saldo e ela gentilmente me disse que o saldo era negativo, tendo inclusive estourado o limite em 100% após ter sacado na boca do cofre todo o dinheiro disponível. Cacete, pensei eu, não tinha esquecido o cartão em casa. Ele estava muito bem escondidinho na bolsa da dona encrenca, que rapou tudo o que pode para seguir viagem depois de naturalmente encher o tanque do carro pagando com o meu cheque o qual no banco da esquina era aceito pelo gerente por me conhecer ou por também estar comendo a vaca da minha mulher, para a qual sorria de maneira prazerosa todas as vezes que eu ia abastecer com ela ao meu lado.
Enquanto aguardava a gerente da minha conta pedir o cancelamento do cartão e do talão de cheque, liguei para o posto de gasolina para tentar impedir o uso do meu cheque, mas ao me identificar o gerente com cara de quem estava querendo me chamar de corno se adiantou me dizendo que a minha mulher e sua atual comidinha já havia passado por ali, tendo abastecido não só o carro como também o barco que ia atrelado no reboque.
Isso aquili já estava sendo demais, a fdp alem de ter levado o meu carro, talão de cheques, cartão, limpado a conta e abastecido o tanque do carro me levou também o barco para o caso de eu pedir uma captura por via terrestre poder fugir por água levando vantagem sobre a polícia que aqui em Curitiba não dispõe de barcos para perseguições porque isso daqui não é nenhuma Veneza. Indo mais adiante, lembrei que o único rio que sai de Curitiba em direção a outro país é o Iguaçu, o qual tem tanta merda que se jogarem um barco em suas cocolhentas águas será capaz de ficar concretado em suas erdas. É meu amigo, disse-me ele, ainda bem que quilômetros adiante ele volta a ficar limpo, porque caso ao contrário receberíamos energia elétrica de Itaipú cheirando a Osta, já imaginou?
Bom, como diz a sabedoria popular, não há mal que nunca acabe e nem bem que sempre dure. No meu caso o mal ainda estava longe de acabar, porque três horas depois quando finalmente consegui chegar em casa, peguei minha filha no quarto, com as portas trancadas com o namorado para o qual ela dizia, Só casando.
Pensei que pelo isso de bom estava acontecendo, que a educação que dei a ela foi suficiente para seguir um bom caminho e etc, etc, etc. Resolvendo que não deveria bater na porta criando desnecessariamente um caso, por ela merecer um premio por sua excelente conduta, desci para a sala para tomar uma dose de whisky e pensar o que faria daquele momento em diante. Procurei, procurei e não achei nenhuma garrafa do lote de duas caixas que trouxe do Paraguai no mês anterior quando fui a Foz representar o meu patrão no congresso interamericano de vôo de pombos sem asas, o qual procurei final de semana inteiro e não consegui encontrar. Pensando bem, depois de muitas pessoas em Foz me dizerem que isso não existia, que haviam me pregado uma peça e um monte de outras coisas. lembro-me de ter ligado para o meu patrão e escutado uma risada parecida com a da Dadinha, mas o chefe me disse que era de uma prima que viera de Santo Antonio das Galhadas do Azulivrasso, cidade esta que nem sequer tinha ouvido falar. Aproveitando ele me mandou continuar procurando porque este congresso era altamente sigiloso por não ter sido autorizado nem pelo Ibama ou pelo Depcom, uma vez que Pombo sem Asas parecia coisa da Véia Julia.
Voltando a realidade olhei para um canto e vi várias redes empilhadas ao lado de alguns cintos novos de couro de cabra. Meu amigo, me disse ele, pela primeira vez me dei conta que o cara era um Paraiba vendedor de rede, que deve ter pego aquela tranqueira magnética toda só para fazer um bico. O cara ao invés de dar no pé em cima de um pau de arara, resolveu se mandar de carro importado levando a mulé do cabra da muléstia aqui.
De repente, não mais que de repente desce minha filha com seu namorado, o qual nunca havia visto antes. Não sabendo que já os tinha escutado, principalmente as investidas infrutíferas do cara de brioco, ela tratou de nos apresentar.
Papai, este é o meu namorado, o Zando.
Puta que o pariu, se eu tivesse tomado aquele whisky que o pau de arara levou, teria socado o Zando, e se não fosse a luz ter apagado, é o que teria feito. Ao olhar pela janela vi um cara trepado no nosso poste interno de luz. Ao sair para ver o que estava havendo, o cara me disse que estava cortando a energia por eu estar com quatro talões sem pagar.
Sem necessitar questioná-lo, me dei conta de onde teria saído o dinheiro para a mãe dos meus filhos ter comprado aqueles vestidos amarrotados os quais ela dizia que era moda, com os quais chegava em casa invariavelmente depois de mim. Depois que o cara saiu, encostou um outro carro com o adesivo da companhia de agua, Sanepar. Teríamos que nos virar com o que ainda tinha na caixa, motivo pelo qual mandei o Zando tomar banho na sua própria casa e que de lambuja levasse a minha filha com ele, porque se ele, ela e a sua periquita tomassem banho, eu é que ficaria sem água.
Amigo, depois foi uma sucessão de coisas que me fizeram acreditwar que para cada Deus existem trocentos e oitentas capetas. Sem aguá, luz, whisky, carro, dinheiro, emprego, perseguida, e sem mais o que, resolvi dar uma volta para esfriar a cabeça quando escutei você me chamando.
Porra, pensei eu, Deus não me fôda, que não seja o Paraiba tentando me devolver a Catraia.
TUDO MENOS ISSO!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário