sábado, 26 de janeiro de 2008

27.01 antecipado

Se chifre fosse flor, aquela casa seria um jardim.
Tomei cuidado em fazer uma narrativa própria e mudar os nomes para não colocar o autor sentado na vara porque onde ele trabalha alguns dos seus amigos acompanham este blog e teriam o imenso prazer de visitar-lhe o brioco se descobrissem ser ele o protagonista desta história. Mesmo assim vou procurar me afastar o mínimo possível do relato porque ele como dizem os mineiros é bom pra lá da conta, sô.

João era o terceiro filho de uma prole de seis, cinco homens e uma mulher. Quando tinha doze anos sua mãe, dona Zilda, veio a falecer, deixando-os aos cuidados do pai, que não era lá nenhum primor na arte de administrar uma família. Seu Zeca, como era conhecido gastava o seu tempo em partidas de truco no boteco do seu Quim, onde invariavelmente perdia se obrigando a lavar o chão, a calçada e finalmente os copos e os pratinhos onde eram servidos os tira gosto como ovos coloridos, romopes e aquelas lingüiças fritas e servidas naquele lago de azeite. Era só terminar o serviço e voltava ele para outra partida, com o aval do seu Quim que sabia que o piso e a calçada não iriam embora e que os pratos e copos não deixariam de serem sujos por sua clientela e o principal, confiando nas habilidade lazarenta de ruim do Zeca.
Mas como nesta vida não tem bem que nunca acabe, um dia a mãe do João, mulher do Zeca estava atravessando uma avenida próxima a sua casa quando um garotão que havia pego o carro do pai “estampou a pobre da dona Zilda em uma parede depois de tê-la atropelado com a lateral do veículo por não conseguir fazer a curva a uns cento e trinta por hora.
Com a passagem dela a condição e falecente, a residência do seu Zeca passou rapidamente a condição de quase mocó, não se transformando inteiramente graças a intervenção de Romilda, a sua única filha que ficava mais na casa da tia por ser a única mulher entre cinco irmãos aborrecentes, quase todos na idade do cinco contra um e dormindo no mesmo quarto porque a casa possuía apenas o quarto do pai, o deles, sala, banheiro e cozinha conjugados com a natureza, ou seja, faltando paredes para se isolarem do exterior. Vivendo naquela situação era quase que normal a menina entrar no banheiro que não tinha chave nem tranca e dar de cara como um irmão sonhando cordado com a filha do vizinho, com aquilo na mão em atitude de veloz e furioso, recebendo apenas o tradicional aviso de, sai da frente que isso espirra!!!
Não dava para a menina permanecer naquele ambiente e após uma conversa com a tia, que não se sabia ao certo se era a cafetina de um bordel ou a testa de ferro, se mudou para a casa dela para cuidar dos primos que eram ainda muito pequenos recebendo um salário e roupas que após uma reforma por serem grande demais serviam com um certo humor pra uma menina que ainda não tinha ficado mocinha, mas que se já tivesse, receberia o nome de piranha juvenil. Mesmo saindo de sua casa não deixava de ao menos uma vez por semana dar uma passadinha por lá, limpando e colocando as coisas em ordem, e levando as roupas do pai e irmãos para a casa da tia para lavar e passar.
Com isso o tempo foi passando até que o irmão mais velho, o Juventino casou-se, o melhor, foi obrigado a se casar pela peixeira de um Cearense cuja filha ele engravidará. Como estava desempregado e o pai da moça não era garantia de boa convivência pois podia chegar em casa de caco cheio como todos os dias fazia e enfiar a faca na buchada do Juventino uma vez que de vez em quando esquecia que o desafeto já havia corrigido a desonra que causara a sua família, embuchando a sua querida filha na base da linguiçada. Depois de quase cinco meses de gestação, em uma visita ao postinho do bairro, o médico que estava substituindo o que iniciara o pré natal de Belinha, pediu mais uma ecografia pois desconfiava que a moça não estava grávida e sim com gases pré prognosticando que ela ou era casada com um pau de vento ou o marido desposara um peido ambulante. Chegado o resultado da eco, tiro e queda, era mesmo gases e não uma criança. Daí e diante não teve mais jeito, o casal tve que se mudar porque toda a vila e a torcida do Coringão, Palmeiras, São Paulo e Santos já sabiam do ocorrido, passando maldosamente a perguntar se o peido já tinha nome ou outros irmãozinhos. Para evitar uma tragédia, o casal mudou-se para a casa do Zeca e par foder ainda mais o cafezal do Juventino, o remédio receitado pelo médico do postinho fez efeito sumindo com o barrigão e sumindo com as espinhas que lhe conferiam uma cara desgraçada de Fiofó da mulher do Bob Esponja. Naquelas alturas do campeonato, todos os irmãos já haviam passado pela aborrecencia se tornando homens, e um corpicho igual ao da cunha, não se encontrava facilmente. Com a ajuda de alguns parentes fizeram mais um cômodo e terminaram de fechar a casa concluindo também o banheiro que no fundo não resolveu inteiramente o problema de privacidade porque entre as tabuas ficaram faltando as ripas para cobrir as frestas obrigando ao Juventino ficar de pé em frente a parede olhando para a cara dos irmãos e por vezes até do pai mando-os olhar para o outro lado quando sua esposa estava no banho. Quando ele estava trabalhando, principalmente no
Verão era comum Belinha sentir muito calor depois de concluir alguma tarefa caseira e pare se refrescar somente um banho poderia resolver. Não se sabe se foi nesta época que uma mal curada caxumba trouxe sérias conseqüências a virilidade do Juventino, não permitindo que ele jogasse nem entre infantis. Foi uma época braba aquela, principalmente para Belinha e seus 17 aninhos. A mulher suava em bicas, deixando transparente seus shorts brancos de algodão que por sua vez deixavam aparecer generosamente tudo o que tinha por baixo, menos a calcinha porque isso ela não usava. Foi aí que surgiu a empresa Belinha Juventino e Irmãos. A medida que o tempo foi passando, outros irmãos foram se casando, se amancebando, se enroscando e a família cresceu na mesma proporção da da safadeza que começou com a crocodilagem dos manos com o irmão Juventino. Hoje a turma toda tem mais de vinte filhos, não se sabendo ao certo quem são os pais, nem mesmo o em alguns casos o avô, porque segundo o meu amigo João, até o seu Zeca andou dando umas conferidas nos atributos de algumas noras.
O que me levou a produzir este relatou foi o próprio João ao me passar um e-mail sugerindo que eu fizesse isso, aproveitando pra me perguntar se era mesmo verdade que aquela vez em que o médico se atrasara para atender sua mulher quando liberei para ela uma consulta, porque eles não possuíam plano de saúde e que depois disso a deixei em sua casa porque já passava da meia noite.
Leozinho meu querido, não tenha dúvida nenhuma que foi exatamente isso que ocorreu.
Aproveitando a oportunidade, gostaria de te parabenizar por ter passado no concurso de vigilante e podido agora trabalhar armado daquela beleza de pistola de 16 tiros que você acabou de comprar. Qualquer dia passo aí na tua casa para conhecê-la, o que devido a minha pouca disponibilidade de tempo podemos marcar lá por 2014 ou 2.016 ou quem sabe 2.022. Tenho certeza que vou adorar rever toda a tua família.
Um abração do teu amigão sincero
Cláudio.

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