FATO PONTUAL
O Ministro da Agricultura que é aqui da terrinha, disse que o escândalo do leite não passa de um fato pontual. Em primeiro lugar vamos esclarecer o que significa este termo.
Fato Pontual é uma ínfima área em relação ao espaço total da região em que deu-se a ocorrência.
Acho que o Ministro está equivocado. Seria pontual, se o engenheiro químico tivesse prestado serviços para uma só cooperativa ou empresa de laticínio. No caso foram segundo as ultimas informações ainda desencontradas, mais de 70.
Se levarmos em consideração a abrangência da área da ocorrência e a subdividirmos pelo numero de empresas que adotaram a fraude, chegaremos a conclusão que de pontual ela não tem rigorosamente nada. Sei que ainda está meio complicado, vou procurar dar um exemplo para tentar esclarecer de outra maneira.
Você encheu o caneco e depois partiu para cima de uma feijoada com aquela fome de anteontem, limpando as panelas de barro do bufe, fazendo até aquele porco que ornamentava o salão através da sua fotografia sartasse fora apavorado com a tua cara de tarado comensal insatisfeito.
Quatro horas depois de ter devorado a sobremesa e pedido para o garçom que fosse te comprar na esquina aquelas paçoquinhas, que em outros estados as pessoas chamam de doce de amendoim ou também carga rápida, e ter finalmente sido expulso do restaurante por perguntar ao proprietário que se permanecesse ali até as 20:00 horas, o jantar não estaria embutido no preço do almoço, vai você dirigindo teu carro em plena, Rio Niterói, quando no meio da ponte começa a sentir alguns sinais que tudo aquilo que você comeu começa querer ganhar o mundo, mandando na frente alguns recados em forma de peido, que nestas ocasiões servem de buzina.
O problema com este tipo de acontecimento, é que eles começam timidamente, como se fossem aquelas buzinas de bicicletas de crianças, projetadas para no máximo encher o saco dos adultos. Com o passar do tempo eles vão encorpando, passando para buzina de fusca, depois de gol, seguido por carros importados até se transformarem naquelas de caminhão que até surdo escuta. Vocês já devem ter notado que quanto mais aumenta a potência dos digamos assim, fátuos, neguinho procura caprichar para bater o Record dos anteriores.
Até ai, a coisa está divertida, quando na tua frente o transito para por conta de um acidente. Naquelas alturas do campeonato a tua artilharia se comporta como se tivesse na parte mais ativa da guerra, disparando petardos um atrás do outro, parecendo aquelas metralhadoras ponto 50, que de vez em quando o Rambo utilizava para encurtar o final dos filmes. Dentro do carro o ar se torna irrespirável, e quando você procura abrir os vidros, alguns motoristas entre eles umas totosas que você sempre vê nos finais de semanas em São Francisco tomando sol, com as quais você está tentando uma aproximação, tendo inclusive conseguido passar protetor solar nas costas de uma delas que te agradeceu de uma maneira tão sensual que se não fosse a tampa do um isopor de um vendedor de refri que estava passando e que você rapidamente se apossou colocando-o na frente da tua sunga, fingindo estar indeciso entre a coca ou a pepsi, você estaria irremediavelmente fudido.
Por conta da presença das totosas, a tropa da cachorrada no Cio vai cada vez aumentando mais, e entre eles você reconheceu a filha do teu chefe que a Maroca da tua empresa “sempre tem uma”, te confidenciou que o jaburuzinha havia te achado um gato. Ela pode até ser um jaburu, mas um cargo de diretor de uma empresa daquele porte, que sempre é reservado pelo presidente ao namorado da futura filha que tem tudo para permanecer encalhada, e futuramente a presidência da empresa quando o futuro sogrão bater as botas, é algo que não se pode dispensar. Alem deles, você reconheceu alguns caras da faculdade e também do posto seis que freqüentam as melhores baladas da cidade e que já começam a te achar um cara legal, te dando até convites para algumas festas de alto nível.
Parece que todos estes filhos das putas marcaram encontro em cima da puta daquela ponte, bem na hora que um corno bateu em outro corno por culpa de um terceiro corno que não conseguiu desviar de mais um corno que teve um infarto quando viu a cabeça da sua mulher mergulhada no meio das pernas de um cara quer ia dirigindo um conversível a vinte por hora. Foi muito azar tanta gente que você conhece se encontrar por culpa de um boquete. Mas agora não adiantava reclamar, excomungar ou maldizer porque a reunião, de todos os conhecidos estava sendo feita bem ao lado da porta do teu carro. Mas para provar que Deus existe, felizmente nenhum deles reconheceu o possante porque você havia acabado de comprá-lo naquele leilão do Detran depois de ter ficado parado no pátio por três anos, o que te fez colocar películas super escuras para que o pessoal não pudesse te reconhecer a bordo daquela criatura metida a automóvel. Voltando ainda a Deus, o fato de dizerem que ele não mata, mas aleija deve ser verdade, porque você se amaldiçoou por não ter mandado consertar o ar condicionado que a dois meses comprou na feira de Acari, que teria primeiramente de consertado, para depois ser adaptado ao teu Woyage 87, uma vez que o ar era de uma BMW 2002.
O cheiro dos peidos, a presença da bagaça do carro que mais parecia aqueles de filmes de terror que carregam dentro dele o capeta, te obrigaram a fechar as janelas e assim ficar até o transito voltar a fluir, o que deveria levar mais de uma hora segundo informações de alguns caras que voltaram do local do acidente.
Dizem que filhos são que nem peidos, a gente só agüenta os da gente. Em poucos minutos esta tua vã esperança vai se desvanecendo, porque a catinga dentro do teu cokpit. Se não fosse as totosas que permaneciam do lado de fora a trinta centímetros de você, o provável auto envenenamento que você se impusera o faria abrir a porta e se atirar lá de cima da ponte nem se importando se viesse a cair em cima de um chaniné de algum navio que por ventura estivesse passando por debaixo dela. E o que piorou mais a situação, foi a totosa mor ter tirado da sua bolsa uma carteira de cigarros e ao procurar o isqueiro descobrir que o deixara na mesa de um bar em Copacabana. Como nenhum dos cuecas que estavam ao lado fumavam, ela como toda mulher pratica e descolada resolveu bater no vidro do teu carro para que você encharcado de suor e ainda peidando como um filho da puta abrisse o vidro e a possibilitasse de colocar mais um prego no caixão dela acendendo o seu cigarro. Que merda de vida, hen?
Mas como diria o Dada Maravilha, para cada problemática existe uma solucionatica. O negócio foi aumentar o volume do CD, “vocês já viram carro de pobre sem CD? Em carro de pobre pode faltar tudo, menos o CD com aquelas marditas cornetas que os animais colocam até dentro do brioco para se mostrarem para as Juca Evas, que acham aquilo divino. E o pior de tudo é que os caras colocam umas músicas de um mau gosto irrepreensível, te obrigando a ouvir com eles. As vezes dá até vontade de ser surdo para não escutar aquelas bostas.
Com o volume do CD lá em cima, você começa a pular no banco só para fazer de conta que não está nem aí para a confusão lá de fora. Caso no piso do teu carro tenha alguns buracos por onde o cheiro da erda gasosa comece a escapar, terá a benesse da turma achar que está detonando um baseado. Merda por merda o cheiro é igual.
O único problema é que os teus pulos deverão acelerar o processo de Hábeas Corpus dentro da tua barriga. O primeiro sinal disso é quando você solta mais um peidinho e no final dele escapa aquela substância úmida que se não fosse a tua presença de espírito juntamente com o teu reflexo apuradíssimo, o acidente teria dimensões catastróficas. Protegido pelo vidro escuro, você arria as calças e confere o tamanho do estrago na tua cueca. Nela para o teu alívio encontra apenas um único e diminuto pingo que conseguiu burlar a ação e vigilância das duas bandas da tua bunda.
Isso, Ministro Sthephanes, é o que pode ser chamado de fato pontual.
Mas com o passar do tempo, e a insistente imobilidade do transito onde nada acontece, a coisa vai se transformando em um vulcão, que aos poucos vai aumentando a sua pressão interna até finalmente explodir larva fumegante por todos os lados.
Nem será preciso tirar novamente as calças para conferir o estrago porque a cueca, a calça e o banco foram irremediavelmente afetados.
Isso Senhor Ministro Reinold Sthephanes, é a verdadeira merda que o senhor batizou de fato pontual. Quero agora ver como o senhor vai lidar com toda esta merda ou se só vai ficar aí falando bosta!!!
Um comentário:
Hehehe... belas análises!
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